quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Actualização Dia 9 (Margarida)

 Margarida escreveu...

Missão Timor 29-07-2010

"Hoje o dia foi muito marcante para mim.
Acordamos, como já é hábito a mil a hora para estar no pequeno-almoço as 7,15h.
Mais uma vez, meia hora depois, já estava na Igreja, que já começa a ser tão familiar.
Desta vez, as pistas foram da Monika, uma rapariga de 24 anos, de Singapura, muito
alegre, bem disposta, disponível e que fala, para alem de Inglês, bahasa indonésia.
Há muita gente a falar esta língua aqui! Por isso a comunicação fica facilitada! E uma
riqueza a variedade.
As pistas têm incidido no facto de a nossa missão ser uma missão de Deus. Se fosse
só uma missão humana teria tendência a falhar! As leituras que nos convidaram a
rezar foram mt.14,13-31 e Is. 55,8-12.
Gostamos muito de planear mas Jesus convida-nos a confiar, a comer o que nos dá
nesse dia e a ficar satisfeitos. O amanha tratara de si!.
Depois de rezarmos, dividimo-nos em 2 grupos: Quem vai visitar e quem vai trabalhar.
Eu fui visitar.
Fomos os primeiros apanhar a Microlet. O outro grupo teve que esperar quase 2
horas.
Tenho a impressão de que já vos temos falado que aqui o tempo é peculiarmente
lento.
As senhoras que nos acompanham nas visitas já estão a nossa espera. Elas falam
tétum.
Eu, a Vera, a Dez e Stefanus fomos com a Dona Mª Luisinha Guterres, uma senhora
muito simpática, cujo marido é professor de português e que tem 9 filhos. Fomos a
9 “casas”. A pobreza, a miséria, a sujidade são palavras de ordem mas família, união e
oração também.
Para mim foi avassalador. Estava tudo anos- luz das nossas casas. Mal chegamos,
a dona de casa apressa-se a colocar cadeiras no alpendre para que nos possamos
acomodar. É educado aceitar, sentar, ainda que algum local fique de pé.
Há tantas crianças! Algumas tinham um olhar triste, mas outras uns olhos redondos,
bem abertos e atentos a tudo, prontas a soltar um sorriso, ainda que tímido. Fazemos
algumas perguntas sobre a família e depois de dizermos porque viemos, rezamos
todos juntos. Rezamos sempre em português! Um “Pai-nosso”, uma “Ave-maria”, as
intenções que as famílias põem e o Gloria. Costumam pedir pelas suas doenças, pelos
que estão presos, pela saúde, pela paz. Apesar das condições em que vivem pedem
uma vida longa.
Voltamos para a casa das Irmãs, onde almoçamos todos os dias os petiscos feitos
pelas alunas da culinária. Provamos toranja de uma qualidade muito comum na Asia,
mas muito acida! É a única fruta fresca! De resto, só bananas.
Ao almoço é tempo de partilharmos as experiencias da manha! A seguir temos
30,40mts para descansar. O ombro da Nuria é muito bom!
Repostas as energias fomos pintar, limpar, raspar o dormitório dos rapazes. Nota-se
uma diferença grande já.. Mas ainda há muito a fazer. Os 2 trabalhadores que nos
ajudam, Elísio e Justino já se vão adaptando ao nosso ritmo, as nossas limpezas e
também a nossa língua. Fazemos uma boa equipa.
As 16,30h vamos ao orfanato ter com as meninas! É a minha altura preferida do dia!
Sinto que nos conhecemos a imenso tempo. O toque, as festinhas, alguns beijinhos
(das mais atrevidas) O trepar para o nosso colo, as brincadeiras, a aprendizagem
das nossas musicas e das delas.. tudo é feito com um entusiasmo, uma alma,
uma vontade, uma força… indescritíveis! É mesmo outro mundo. Ofereceram-nos
desenhos e escreveram cartas para nós.
Saímos do orfanato fazendo um comboio, o que facilitou imenso a despedida que
costuma ser marcada por muitos abraços e alguma demora!
Voltamos para Fatumaca na divertida Microlet e enquanto uns descansam outros
partilham o dia e outros cantam “êxitos antigos” como “Backstreet boys”.
Hora dos banhos, algum descanso ou oração e segue-se a Missa novamente em
Tétum. Alguns dos aspirantes já se sentem a vontade para nos ensinar alguns
cânticos do seu missal.
Depois do jantar o grupo português reuniu para partilhar sobre o título geral dos dias
que já passaram e o do próprio dia, o acontecimento/aspectos positivos da missão. A
partilha foi muito rica, todos diferentes, temos também sensibilidades diferentes. Os
acontecimentos/aspectos positivos variaram desde “ saber situar-se, saber viver, a
comunidade, grupo português+grupo Singapura, genuínos como Timor, timorenses
pedem mais vida, longevidade, a vivencia em grupo, o orfanato, aprender a trabalhar
em conjunto, poder ser luz no caminho, utilidade e a vivencia fraterna dos 2 grupos e a
adaptação ao cada dia”.
A vivencia de hoje foi também perceber que aos poucos vamos deixando de ser
uns “Malai” para ganhamos um nome : Mana Catarina, Mana Ana, Mana Bia, Mana
Vera, Mana Leo, Mana Margarida, Irmã Roci, Madre Nuria, Bruno Bruno, e Rafa Rafa.

Margarida"

5 comentários:

  1. um depoimento lindo.. emocionei-me!

    ResponderEliminar
  2. :)
    Obrigado aos missionários (e ao Zé) por nos transportarem (sem Microlet), todos os dias, até Venilale.
    Nuno e Né

    ResponderEliminar
  3. É óptimo poder acompanhar detalhadamente o vosso trabalho, sentir a vossa dedicação e alegria e ver como estão a fazer o povo timorense mais feliz! Obrigada a todos os missionários por dedicarem uma parte do seu tempo a deixarem aqui os relatos desta aventura que nos permitem estar mais perto de vocês e do vosso trabalho.

    Um beijinho muito, muito grande para ti e para a Vera. As saudades já apertam! E um beijinho também aos restantes missionários ;)

    ResponderEliminar
  4. O senhor esta orgulhoso de ti Meg...

    ResponderEliminar
  5. ...o senhor Jose dos Santos porque com o Outro ainda nao consegui falar.

    ResponderEliminar