terça-feira, 31 de agosto de 2010

Actualização Dia 25 (Francisco Coutinho)

 Francisco escreveu...




14 de Agosto de 2010


"Hoje os três rapazes foram visitar Bado-moris, uma aldeia “perto” de Venilale e onde vive o Mário. Quem é o Mario?


O Mario, 18 anos, tem nos acompanhado desde a altura em que estamos em Fatumaca. Está no 3º ano, que equivale ao nosso 12º, nos salesianos de Fatumaca e para o ano vai para Los Palos onde vai continuar a estudar. Quer ser político, mas ainda não sabe se sente vocação para o sacerdócio ou não.


Nestas semanas temo-nos acompanhado e temo-lo ajudado a discernir sobre a sua vocação. Tem trabalhado connosco e tem nos ajudado traduzindo durante as actividades e encontros em Fatumaca. Ficámos muito próximos e ontem convidou-nos, aos três rapazes, para irmos a casa dele para conhecer a família e a aldeia.


De manhã, apanhámos uma microlet em frente ao mercado e fomos até Bercoli, onde tínhamos combinado com o Mário. Durante a viagem e quando ficámos no cruzamento à espera dele sentimo-nos constantemente observados. As pessoas deviam estranhar o à vontade destes malays em viajar sozinhos por Timor, quase como se fossem dali. Sentámo-nos num tronco caído, ao lado de um tio (como chamam aos homens já de alguma idade, como forma de respeito) que levava um galo à trela. Do outro lado da estrada, debaixo do que parecia uma paragem de autocarros feita em bambu, um monte de rapazes riam e conversavam enquanto esperavam uma microlet no sentido oposto. Obviamente tinham reparado na nossa presença e deviam estar a conversar sobre nós - passados uns dias em Timor já nos habituámos a que toda a gente repare em nós e vivemos bem com isso.


Ligámos umas vezes ao Mário para perceber se ele estava a caminho. Do outro lado ele dizia pouca coisa, estava a caminho. Tínhamos que esperar. Tranquilamente e sem pressas. “Há um tempo para tudo o que se deseja debaixo do céu”


Passados uns 15-20 minutos lá chegou ele com os bofes de fora. Não imaginávamos nós o caminho que nos esperava e que ele tinha feito a correr, para os ocidentais não ficarem muito tempo à espera.


Começamos a percorrer a estrada que descia daquele cruzamento onde tínhamos estado. Não era bem uma estrada, era mais um caminho por onde talvez conseguissem passar jipes, de terra e com alguns buracos. À direita começámos a ver um vale onde havia arrozais distribuídos por vários socalcos que iam convergindo para a parte mais funda do vale. Havia também alguns cavalos, como tudo em Timor também eles eram pequenos. Pareciam os nossos garranos mas com uma pelagem mais clara, a maior parte deles eram baios. Perguntei para que eles os usavam, até aí só tinha visto um a ser montado em pêlo. O Mário respondeu que usavam principalmente para trabalhos agrícolas e que normalmente não os montavam.


A certa altura virámos à direita para um caminho estreito que saía da estrada. Era um atalho que mais à frente ia dar novamente à estrada. Nessa altura arrependi-me de não ter levado os ténis. Era mesmo muito inclinado e estávamos constantemente a escorregar, mas para o Mário era como se descesse umas escadas. Já sabia onde pôr os pés. Afinal de contas aquele era o caminho que ele fazia sempre que ia a casa.


Quando voltámos à estrada começámos a ver novamente algumas casas. Uma delas, à esquerda da estrada, era onde viviam uns familiares do Mário que no regresso nos iriam dar boleia na sua microlet.


As pessoas que se cruzavam connosco ao longo do caminho pareciam sempre surpreendidas por nos verem ali. Mais tarde o Mário disse-nos que devíamos ser os primeiros malays a ir á aldeia dele e que nem os indonésios tinham lá ido durante as invasões. Sentíamos que estávamos mesmo a entrar no Timor mais profundo, o que seria completamente impossível sem ser com um local. Fomos uns privilegiados!


Logo depois dessas primeiras casas chegámos a um lago que o Mário nos queria mostrar. Era rodeado por árvores que caíam para o lago e era alimentado por uma pequena cascata que parecia nascer do meio das árvores. Uma beleza fantástica, para lá do lago ainda se via a continuação do vale, e ao fundo, meio encobertas por uma neblina viam se mais montanhas. Era usado principalmente para lavar roupa, mas agora, desde há uma semana, não podia ser utilizado para nada porque tinha morrido uma criança afogada. Era uma forma de luto. Só podia voltar a usar-se quando o “administrador” do suco ou do sub-distrito levantasse o luto.


Continuámos o nosso caminho enquanto íamos conversando sobre tudo o que víamos e íamos tentando perceber esta realidade tão diferente da nossa.


A certa altura o caminho começou a ficar cada vez mais rodeado de árvores. Chegou mesmo a um ponto em que os ramos não deixavam passar luz do sol e em que estávamos quase às escuras. A vegetação era muito variada e muito diferente, mas imprevisivelmente no meio daquela flora tropical encontrávamos algumas plantas muito familiares, víamos buganvílias, poinsettias que mais pareciam árvores (aquelas plantas com folhas encarnadas que costumam haver à venda no Natal),lantanas… No meio de todas as outras plantas até elas tinham um ar muito exótico.


Depois de aproximadamente 40 minutos a pé começámos a chegar à aldeia. Na casa do Mário esperavam-nos vários familiares, os pais, irmãos e cunhados e tios. Estavam todos debaixo de um grande telheiro, todo feito de madeira e com telhado de zinco. Via-se que tinha sido construído há pouco tempo. Num dos lados estava um cesto enorme (Devia ter um metro e meio de diâmetro e outro tanto de altura) que usavam para guardar o arroz durante o ano e que naquela altura (felizmente) estava completamente cheio. O resto do telheiro era usado como sala e era onde se reunia toda a família.


Fomos muito bem recebidos, parecia-nos uma família diferente de todas as outras que já tínhamos visitado. Mais instruída e muito unida. Uma das tias era professora e falava bem português, o que nos facilitou a comunicação. Mandaram-nos sentar e ofereceram-nos café com leite (feitos com umas saquetas de nescafé que têm em todo o lado) e culo, um fruto que em inglês se chama breadfruit (frutapão…) e que eles fritam. É muito bom, tem a mesma consistência da batata e um sabor parecido com milho. Enquanto comíamos e conversávamos íamos observando tudo à nossa volta. À frente do telheiro estava estendido um grande pano coberto de arroz, amarelo torrado, ainda a secar.


À direita, a casa propriamente dita, feita com bambu cortado às tiras e com telhado de folhas de palmeira, lá dentro a cama do Mário logo na divisão de entrada e uma porta que dava para outra divisão onde se viam mais camas. Tudo muito escuro, com um aspecto pobre mas muito familiar. Umas bicicletas à entrada e uma aparelhagem numa mesa. 


Atrás do telheiro outra casinha também de bambu e palmeira que não chegámos a ver mas que parecia ser onde eles cozinhavam (a comida vinha de lá…)


Depois daquele bocadinho ali fomos ver o campo de arroz da família. Era perto de casa dele, mas para lá chegar ainda tivemos que passar pela casa de outros tios do Mário que estavam a almoçar na rua. Cumprimentámos todos e ainda nos ofereceram almoço. Tivemos que recusar por já não termos muito tempo. Os arrozais eram imensos, como se fossem muitas piscinas, cada uma num degrau. Já estavam todos secos e o arroz já tinha sido todo apanhado.


De volta a casa do Mário ainda tivemos a sorte de experimentar água de coco. Um dos cunhados subiu a um coqueiro para ir buscar 3 cocos. Para conseguirem subir fazem uns entalhes no tronco para apoiarem os pés. Sobem até alturas impressionantes, só mesmo com a prática que eles têm é que não acontecem mais desastres.  Um dos tios, que parecia um especialista com a catana, abriu nos os cocos e ainda nos fez umas colheres para comer a parte gelatinosa que ficava agarrada à casca. Era uma água fresca e doce que com todo aquele calor e cansaço nos soube que nem gingas.


Na altura em que nos refastelávamos com os cocos passou uma microlet (Daqueles tios que já tinha falado acima). Parou mesmo a tempo, depois de o Mário ter gritado duas vezes. Apanhamos boleia até casa deles e fomos o resto a pé, de volta ao cruzamento onde tínhamos estado umas horas antes. Mal chegámos à estrada vimos o padre Justiniano que passou no sentido oposto e nos disse para ficarmos ali à espera que ele fosse a um sítio. Ficámos os 4 rapazes à conversa. Sobre coisas do dia-a-dia, ideias, modos de vida, perspectivas… Uma boa conversa…


Este foi o último dia que estivemos com o Mário em Timor. Ficaram prometidos alguns regressos a Timor e uma viagem e Portugal. Voltaremos a ver-nos…"

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Actualização Dia 28 (Madalena Tavares)

 Madalena Tavares escreveu...

Missão Timor 17-8-2010

"Acordámos cedinho e às 7h já tínhamos o pequeno-almoço à nossa espera.

Pelas 7h30 tivemos pistas que nos foram dadas pela Bia e em que fomos confrontados com o facto
de que, com Deus, temos a capacidade de amar mais e melhor do que teríamos sozinhos. E isto é
um dom que nos é dado por Deus e que não temos o direito de guardar para nós… É para o Mundo!

Por volta das 9h fomos trabalhar. Uma parte do grupo foi com o Padre Justiniano visitar casas de várias
famílias, outros ficaram na cozinha a fazer madalenas para a festa do dia seguinte e outros ficaram a
raspar paredes e a restaurar um oratório que nos foi doado pelos Salesianos para que pudéssemos
deixar uma pequena lembrança nossa no seminário.

Almoçámos e o tempo a seguir foi aproveitado para descançar um bocadinho e preparar a festa de
despedida.

Por volta das 14h juntámo-nos com as crianças e estivemos divididos em grupos a jogar à bola, a cantar
e a fazer pequenas dezenas para serem utilizadas no terço.

Chegadas as 16h fomos rezar o terço. Hoje rezámos pelos cinco países representados pelos que
rezávamos: Portugal, Espanha, Singapura, México e Timor. Foi o último terço que rezámos com as
pessoas de cá e sinto que, pelo menos para mim, foi um momento muito forte e comecei já a sentir
saudades.

Depois do terço foi a hora dos banhos e a seguir encontrámo-nos na capela onde tivemos um dos
momentos mais fortes do dia. Tivemos a oportunidade de ler e rezar sobre os frutos e sementes que o
grupo tinha escrito para cada um. Foi um momento muito forte de crescimento, tranquilidade e vivência
em comunidade.

O resto da noite foi mais calmo. Jantámos e juntámo-nos por grupos para preparar a festa de envio.

Acabámos o dia com uma pequena acção de graças e fomos dormir porque o dia seguinte seria um dia
com muita energia e provavelmente muitas emoções."

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Actualizações...

Boa tarde a todos,

o nosso blog continua vivo...
Estamos a actualizar todas as crónicas que devido às dificuldades nas comunicações não chegaram.

É sempre muito rico ler as palavras dos nossos missionários, mesmo que estas cheguem desfasadas no tempo.

Estamos juntos.
Missão Timor 2010

Actualização Dia 19 (Joana Branco)

 Joana Branco escreveu...

Domingo, 08 de Agosto de 2010

"O dia amanheceu cheio de luz e o sol brilhava num céu limpo, sem nuvens, convidando
a começar o dia. Hoje, pudemos acordar um pouco mais tarde; o pequeno almoço foi
às 7:30h e não às 7:00h, como habitualmente. Soube muito bem mais esse tempo para
descansar e preparar um dia, que prometia ser cheio.

Na mesa do pequeno almoço estavam os habituais arroz, noodles, pão, os
deliciosos “donnuts”, água quente para o chá e leite, café, mas foram os ovos mexidos
tipo omeleta que fizeram as delícias de alguns, como foi o meu caso.

Depois do nosso momento de oração diária e comunitária, em que agradecia a Jesus o
convite a ganhar consciência dos dons que tenho, para os poder por a render neste dia
concreto, fomos à Missa, às 09:00h. À chegada, convidaram-nos a constituir o coro e
animar a Missa. Foi muito bonito sentir que, na sua simplicidade, as pessoas preparam o
Domingo e o seu encontro com Deus, sendo a Missa um momento muito importante na
semana. Foi muito forte ver a igreja cheia das crianças que nos acompanham no Terço,
com parte da sua família, a mãe ou irmãos mais novos e mais velhos e poder sentir que
já vamos chegando a tantos, levando Jesus a tantos. A celebração foi rezada em Tétum e
a homilia, por atenção a nós, foi resumida, no final, em Português.

No fim da Missa, já tínhamos à nossa espera a tão aguardada microlet, na qual os que
chegaram dia 03, onde me incluo, teriam a sua primeira viagem, rumo a Baucau.
Todos juntos, numa microlet para doze pessoas, fizemos uma hora de viagem para
Baucau, entre jogos animados e descanso, para alguns. A viagem pareceu muito rápida
e, quando nos demos conta, estávamos já na zona de mercado.

Baucau é a segunda cidade de Timor. Tem ruas ladeadas de casas, de uma forma
estruturada, passeios, sinais de trânsito e ruas maioritariamente pavimentadas. Hoje,
dei por mim a andar intencionalmente em cima do passeio, apenas porque sim, porque
existia passeio. Passeámos, a pé, por Baucau, onde visitamos a Catedral e uma zona de
comércio. A Catedral muito pequenina e muito simples, mas com um altar e um sacrário
muito ricos. Este último, muito diferente, com a forma de uma Casa Sagrada de Timor,
em madeira e com o tecto de colmo. Foi tão bom poder rezar um pouco no silêncio e
sentir-me tão acolhida na Tua Casa!
Na zona de comércio local, comprámos um vinho português para oferecer aos Padres,
que tão bem nos têm recebido na sua casa, e comprámos maçãs para o jantar, dado a
fruta ser à base de banana (que, por sinal, são maravilhosas, pequeninas, com um sabor
marcadamente tropical, que parece ser uma mistura de banana e manga ou banana e
laranja, conforme as vezes).

Quando procurávamos um sítio para almoçar, por mero acaso, encontrámos um
português, o Fernando, que, mais tarde viemos a saber pertencer a uma ONG para o
desenvolvimento sustentável, que nos assegurou que o restaurante onde se encontrava
era bom. Confiámos e entrámos num restaurante cuja comida era tipicamente europeia.
Então, deliciámo-nos com “Bifinhos com Cogumentos” guarnecidos de arroz, batata
frita e salada de alface, tomate e pepino. Foi maravilhoso! Um verdadeiro presente,
depois de tanto tempo, comer bifinhos com cogumelos e batatas fritas. Desfrutámos de
um almoço animado, também à conversa com o Fernando, que nos disse já ter ouvido
falar de nós, do grupo de portugueses que estava em Venilale. É incrível! Senti que Te
fazes tão presente, mesmo quando não esperamos, e que nos vais dando mimos que nos
reconfortam fisicamente, como foi o caso.

Com toda a simpatia e generosidade do senhor do restaurante, conseguimos apanhar
a microlet na hora combinada e fomos em direcção à praia, já de estômago bem
aconchegado e um sorriso interior, pelos pequenos detalhes que nos iam preenchendo o
dia.
A praia conquistou-nos por completo! A microlet ficou estacionada numa zona de
vegetação tropical, rica e verde, contígua à areia da praia. À nossa frente estendia-se
uma praia lindíssima, de areia branca e fina, um mar quente, com tons que oscilavam
entre o verde e o azul, ora claro, ora escuro. Do lado oposto ao do mar, a areia
terminava numa fila, praticamente ininterrupta, de palmeiras e densa vegetação, que
percorria toda a orla da praia, conferindo uma paisagem tropical. Obrigada Senhor, por
mais este abraço, e que abraço!, e quão precioso é sentir que estás presente e nos falas,
de forma tão especial, em cada momento, ao longo do nosso dia. Ousámos desafiar a
natureza e, apesar do Sinal de Perigo – Crocodilos, tomámos banho no Mar de Timor,
desfrutando e guardando este momento na memória. Depois, cada um teve um momento
em que pode escolher alguns corais e búzios, de entre os milhares que se encontravam
na areia, onde a água os deixara.

Por volta das 15:30h, iniciámos a viagem de regresso a Venilale, na qual todos pudemos
descansar, uns dormitar e outros apreciar o tão rico tesouro natural que Timor tem para
oferecer. Chegámos na hora exacta do Terço e foi uma Alegria ver que as crianças
já nos esperavam, felizes por nos verem chegar. Éramos pouco mais de cinquenta
pessoas, em que cada um pode rezar uma Avé Maria, ora em Português, ora em Tétum.
A riqueza de um Terço rezado e cantado nas duas línguas, com músicas já entoadas
por portugueses e timorenses, ficará para sempre guardado no meu coração e na minha
memória. Que bom sentir que nos vais acompanhando a cada dia, Mãe, e nos vais
abraçando e acarinhando de uma maneira tão concreta e tão especial.

Depois do Terço e tornando o dia ainda mais cheio, tivemos Formação sobre a
Família Missionária Verbum Dei, dada pela Nuria. Todos sentimos esta Formação
como fundamental, na qual tentámos perceber o que dizemos concretamente quando
falamos em Família Verbum Dei, o seu carisma, a sua identidade e os seus membros.
É, de facto, essencial saber e ser consciente das características desta Família e
sentir-me conscientemente membro dela. Como o grupo colocou tantas questões e
fomos aprofundando pontos específicos, de acordo com as dúvidas de cada um, não
concluímos a formação, ficando para concluir no dia seguinte.

Ao jantar, pudemos partilhar o que cada um foi vivendo durante o dia e
agradecemos, de forma especial, a vida do Padre Manuel, por ser o seu aniversário.

À noite, tivemos um momento de diversão, todos juntos, com um jogo, em que cada um
foi um animal, com o respectivo gesto/som que o caracterizava e passava a mensagem a
outro animal, identificando-se e identificando aquele a quem queria passar a mensagem.
Sabem tão bem estes momentos em que estamos todos juntos a rir, a estar simplesmente
e a desfrutar da presença uns dos outros.
Assim, depois de umas boas gargalhadas e já cansados, fomos dormir. Já na cama,
agradeço ao Senhor o dia de hoje, todos os seus mimos e fazer-se sempre tão presente e
tão próximo de cada um!"

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Actualização Dia 32 (Joana Branco)

 Joana Branco escreveu...

Dili, Singapura, 21 de Agosto de 2010

O dia da Partida.

"Quando acordámos já nos acompanhava o sentimento de partida.

Alguns membros do grupo começaram o dia com a Missa, celebrada numa Capela do
Seminário dos Irmãos Salesianos em Komoro, Dili.

Por atenção a nós, a Missa foi celebrada em Português, o que logo nos encheu
profundamente o coração, dado os Padres que a celebraram serem de nacionalidades
espanhola e italiana. Que bom é poder começar o dia, do outro lado do mundo, com
uma Eucaristia, de um forma tão forte!

Já com uma nova força e o Alimento do dia, tomámos o pequeno almoço composto
pelos habituais café, leite e chá. Adicionalmente, as iguarias: o tão delicioso pão não
doce, que tanto lembra o nosso em Portugal, o queijo fatiado, o chocolate de amendoim
(tipo Nutella, mas de amendoim), e as torradas de pão de forma, fizeram as delícias
de cada um, à sua maneira. Que bom é aprender a ser agradecido por uma refeição tão
saborosa!

Pelas 07:30 da manhã, desfrutamos do nosso último momento de oração comunitária
em Timor, no qual fomos desafiados pela Nuria a rezar os quatro pontos principais
que Jesus nos convidou a viver nesta Missão, desde que começou, com a preparação
em Lisboa, até agora, em Timor. Seguiu-se um momento de partilha, no qual pudemos
acompanhar o crescimento de cada um e como Jesus vai actuando em cada um, de
forma tão pessoal, e, ao mesmo tempo, de forma tão original e surpreendente. Que
rico é ir vendo o Caminho que cada um vai fazendo com Jesus e em Comunidade! Foi
também muito engraçado ver que alguns seguiram o desafio dos quatro pontos à risca,
concentrando os frutos do seu Caminho, e outros não resistiram a ultrapassar o limite
do número quatro, revelando quarenta pontos, o que ainda deu para uma boa risota!

Depois da partilha, que ficou combinado terminar em Munique, seguiu-se a última
refeição em Dili, todos juntos.

Chegámos ao aeroporto de Dili pelas 13h para, com tempo, tratar do check-in, comprar
as últimas lembranças e despedir dos que ainda ficaram por Timor – Joana A, Mariana,
Madalena B. e Ariana. Entre longos abraços e lágrimas que teimaram em cair, ficou o
sorriso profundo pelo Caminho percorrido com aqueles que se tornaram Família.

Na única sala de embarque do Aeroporto Internacional Presidente Nicolau Lobato
terminámos o Jogo “Tebe Los” – “Chuta a Verdade” em Tétum – criado por
nós, para um noite diferente em Venilale. Entre perguntas das categorias “Grupo
Missão”, “Perguntas Parvas”, “Perguntas sobre a Bíblia”, “Provas Física”, “Prova
Musical” e umas boas gargalhadas chamámos a atenção de outros passageiros, que não
resistiram a rir também, tal eram as provas físicas e cantorias.

O voo de Dili para Singapura decorreu muito bem, com bastante tranquilidade, dando
ainda para partilha e descanso.

Em Singapura, depois da recolha das malas fomos muito bem recebidos pelo grupo
de Singapura que já nos esperava ansiosamente. Que bom foi sentir que, mesmo não

me conhecendo, por ter chegado mais tarde, me receberam com um abraço demorado
e um sorriso e coração abertos. Logo depois do check-in, fomos conduzidos ao local
onde nos esperavam os outros membros do grupo, onde jantámos comida tradicional
de Singapura. Foi impressionante o cuidado que tiveram em fazer-nos sentir em casa,
comendo a sua comida!
As despedidas foram novamente difíceis e, desta vez, seria a Felícia que ficaria
em Terra. Entre abraços e a promessa de nos mantermos em contacto, partimos de
Singapura, rumo a outro continente, rumo a Munique.

Joana Matos Branco"

domingo, 22 de agosto de 2010

Dia 33 - The final countdown...

Bom dia a todos,

entrámos em contagem decrescente.
Com uns pequenos 15 minutos de atraso os nossos missionários já estão no ultimo voo para Portugal.

Por isso e com muita alegria digo...

até já!

Actualizado as 13h29 - Já aterraram em Portugal.

Estamos muito e cada vez mais juntos.
Missão Timor 2010

sábado, 21 de agosto de 2010

Informação de voos detalhada

Actualização Dia 32

O grupo irá apanhar o avião para Munique daqui a 10 minutos.

A informação dada que a ligação seria por Frankfurt está errada. A ligação será feita por Munique.

Singapura -> Munique -> Lisboa

Actualizado às 16:02 - O grupo já embarcou.

Estamos juntos.
Missão Timor 2010

Dia 32 - Já chegaram a Singapura

O grupo de missionários já chegou a Singapura e aguarda o próximo voo com destino a Frankfurt.

A primeira ligação Dili -> Singapura chegou com 2 horas de atrado mas não complica o apanhar do próximo voo.

Estamos juntos.
Missão Timor 2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Dia 31 - Adeus sentido em Venilale

Olá a todos,

o nosso grupo de missionários está em Dili onde vai recarregar energias para amanhã iniciar a longa viagem até ao destino final, Portugal (ver em baixo a informação dos voos).

Queria partilhar com todos a despedida de Venilale. Foi sentida e emocionante, e apesar de todos se sentirem felizes queriam dar mais, queriam continuar e vão continuar...

Não será o fim da missão Timor mas sim o inicio... ainda há muito para fazer e a motivação cresceu.

Estamos juntos.
Missão Timor 2010

Actualização Dia 28 (Madalena Spratley)

 Madalena Spratley escreveu...

Missão Timor 2010 

Crónica especial: 1 madalena, 2 madalenas ,3 madalenas - 17-08-2010

"Hoje de manha aprendemos a fazer “madalenas” com que tantas vezes nos mimaram desde
que cá estamos.

A receita é simples e vale a pena contar a história. Nenhuma de nos se vai esquecer!

Fomos 4 meninas cheias de boa- vontade para a cozinha depois do pequeno-almoço. Na
habitual salganhada de tétum, português e linguagem gestual, pusemos mãos a obra naquele
espaço pequeno, entre o enorme fogão antigo, a lenha e o balcão forrado de azulejos ocupado
por alguidares, paletes de ovos e vegetais… ( já se imaginam não?)

500g de margarina, 2 copos de açúcar e 10 ovos inteiros mais tarde. Deram-nos a
nossa “bimby” ( uma antiga batedora a mão de ferro, por suposto que manual) com a qual
começamos a bater energeticamente a massa.

A boa vontade era muita, é verdade, mas a tarefa não foi fácil! Foi preciso tempo e
perseverança e alguma rotatividade entre todas para atingir o objectivo. Não 1, nem 2, mas
vezes: cada dose dava para 40 “madalenas”.

Parabens e obrigada as cozinheiras pela energia e dedicação.

Amanha é dia de fazer “pão”!

Abraços a todos Madalena Spratley"

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Informação dos voos

1 - Ligação Dili -> Singapura
          Dia 21 de Agosto das 15h25 às 18h10
          Código de voo - MI295


2 - Ligação Singapura -> Frankfurt
          Dia 21 de Agosto das 23h10 às 5h50 (já dia 22 de Agosto)
          Código de voo - LH791


3 - Frankfurt -> LISBOA (os nossos missionários estão de volta!)
         Dia 22 de Agosto das 11h15 às 13h25
         Código de voo - LH4540


Estamos juntos.
Missão Timor 2010

Dia 28 Crónicas especiais - Refeitório

 Núria escreveu...

Missão Timor 2010

Crónicas especiais- 17-08-2010: Refeitório

"Não quero deixar de partilhar com todos vos as “ horas magicas” que passamos no Refeitorio
da comunidade salesiana que nos acolhe.

Temos que salientar diversas realidades.

- Os padres e irmãos salesianos que estão habituados a viver “ em família” e o refeitório é o
seu lugar de encontro e convívio. È um dos seus espaços íntimos e o abriram a nos para nos
acolher nele.

È com eles que tomamos todas as refeições.

A língua oficial no refeitório é Inglês, Tétum, portunhol. Acabou de chegar nestes dias um
irmão indonésio. Fantástico ser testemunha que aquilo que a guerra provoca: destruição,
separação das pessoas, sofrimento e submetimento. A experiencia de Jesus cria precisamente
todo o dinamismo contrário: Faz irmãos dos povos inimigos, constrói gratuitamente em favor
dos mais possíveis, abre novos caminhos criativos para o bem comum.

Portanto se realiza a profecia do anterior provincial de Timor, Andres Calleja, ao afirmar
que a língua não podia ser impedimento para realizar amissão em Timor. Ele afirma que “ a
linguagem do amor” é acessível a todos.

No refeitório se concretiza esta “linguagem do amor” em gestos, olhares e toda forma criativa
de relação.

São um total de 9 padres, diácono e irmãos. Possuem todos uma marcada espiritualidade
claramente vivida e exprimida. São profundamente cordiais, acolhedores e que nos tem
facilitado imenso poder conviver juntos formando uma família grande e próxima.

As gargalhadas e animação é um dado assente. È surpreendente como “ sem entendermo-nos
entendemo-nos tão bem”.

È necessário que falemos da comida:

A massa e o arroz são a base. Estão presentes no pequeno almoço, almoço e jantar.

Se come o arroz com uns bocadinhos de verduras diferentes. Insisto que aqui se come “tudo
o que não é veneno”, por isso “a flor do banano” se come e as folhas também. Da “papaia”
também se come tudo: folhas, flores, fruto.

A alimentação em Timor consiste num prato de arroz com alguma “verdurinha” misturada.
Nos somos tratados com luxo. Comemos pedacinhos de carne de frango ou de porco fritos
misturados no arroz junto com as diferentes classes de verduras.

È importante saber que comemos muito melhor que a maioria.

È verdade, em Timor acabamos por ter o privilegio de “despreocuparmo-nos “ da comida. Já se
sabe! Sempre é o mesmo desde o pequeno almoço ate ao jantar. Pronto!! Aqui sim, se come
para “sobreviver”. A alegria é grande quando descobrimos sobre a mesa “ uns pãezinhos
doces, frescos ou uma espécie de “donuts” que são um verdadeiro mimo e que rompem a
monotonia.

O refeitório é o lugar onde nos encontramos. A “ hora da comida” se torna lugar de
encontro com todos. Se partilha o vivido e o que vai acontecer. Se concerta tudo, as visitas e
aprendemos a confraternizar.

No refeitório há uma frase que revela o espírito que estamos a viver:

“ A tua casa longe de casa”. ( esta escrito em Inglês)

Agradecemos a Deus a possibilidade de conviver com esta comunidade, na qual nos temos
sentidos acolhidos como família verdadeira.

Um abraço a todos Nuria"

Dia 27 Crónicas especiais - Missão em Cercoli

 Núria escreveu...


Missão Timor 2010


Crónicas especiais - Missão em Cercoli 16-08-2010


"P. Justiniano ( salesiano) o Diácono Aquiles( salesiano) o chefe da aldeia, Ana Isabel, Felícia
( Singapura), Leo, Bia e Nuria (Madre).


A saída em jeep de Venilale as 8,30h da manha ( sempre um bocadinho mais tarde).


O Desvio da estrada principal para o lugar chamado Cercoli por um camininho de terra batida
cheio de buracos, de tal tamanho que era melhor fazer alguns pedaços fora dele.


A zona tem menos arvores, é um lugar com pouca agua, mas eles instalaram-se ai porque esta
é a “sua terra”, a sua “casa”.


Para situarmo-nos melhor é preciso saber que para ir ao mercado, para ir a Díli ou a Venilale,
para ir ao médico ou a Baucau, é preciso pôr-se a caminho nesta estrada, que quando é tempo
de chuvas deve ser tudo menos caminho, e se tem que andar uns 6kms a pé.


Hoje vai ser celebrada a Eucaristia nesta comunidade.


Na medida que faço a viagem me apercebo que aquele lugar é “ um lugar entre montanhas”.
Nuria significa isso: “Lugar entre montanhas”. :


A oração surge espontânea:


Senhor Jesus, qual a tua intencionalidade ao trazer-me num lugar que é conteúdo do meu
nome?


A Eucaristia tinha que começar as 9h. Nos chegávamos as 9,30h, mas a comunidade só se
completou por volta das 11,30h em que a Eucaristia começou.


Durante o tempo da espera aproveitamos para ensinar algumas musicas as crianças ( não
menos de 80 numa aldeia sem qualquer infra-estrutura minimamente operativa. A escola
reúne mais de 240 crianças).


As crianças, em qualquer lugar, estão aos montes e é extraordinário aperceber-se de como
tomam conta uns dos outros sem quase haver diferença de idade.


A Eucaristia foi vivida. A Igreja ainda não esta acabada, mas o lugar esta minimamente digno.
Realmente é impressionante que o nosso Deus quer acompanharmo-nos onde quer que nos
estejamos!


Celebramos a liturgia da Assumpção da Nossa senhora.


Outra realidade, para mim surpreendente é como alguns/as, conseguem sair tão bem vestidos
e penteados quando conhecemos os lugares e as suas possibilidades.


O P. Justiniano é timorense, nascido naquela aldeia. Ele é agora o Pároco de Venilale. A
Paroquia tem uma extensão enorme com lugares de culto e aldeias ate dizer chega!. Ele é
um homem serio, muito próximo das pessoas, tem por volta duns 40 anos. O seu rosto, mas
bem “fechado” se ilumina com um sorriso quando é interpelado. Os timorenses, maior mente


são assim. Apresentam-se com um ar tímido, um tanto desconfiados e esquivos, mas ao ser
cumprimentados, transformam-se e ficam iluminados por um sorriso deslumbrante.


Ao acabar a Eucaristia, agradeceram-nos que tivéssemos ido a visita-los e nos dirigimos a casa
de alguns doentes .


Cada “casa” é uma espécie de cabana feita de bambu e telhado de palha. No seu interior são
muito escuras e pobres. Em cada uma delas não falta “o altar” com a Nossa senhora e alguns
santos da sua devoção. As velas estão preparadas e se acendem. E ali nos são apresentados os
doentes.


Na ida as visitas as casas, eu, tinha-me sentido muito desconfortável pelo facto de “não
solucionar nada e rezar para que acontecera algum milagre”.


Desta vez, o P. Justiniano, “investiu-me” ( com a autoridade que me da ser Madre) para que
rezara com e sobre os doentes. Decidi não dizer nem rezar nada que eu não me sentisse
verdadeira e confortável com a minha experiencia de fe.


Assim foi. Na presença de muitos, dos familiares, catequistas, chefe da aldeia, crianças e o cão,
eram-nos apresentados os doentes. Num dialogo breve que nos situava em relação a eles,
iniciávamos logo a oração. Decidi apresentar-nos a Nossa Senhora para que nos desse a força
e a paciência para:


Fazer o que esta na nossa mão para nos sarar: médicos, remédios, descanso…


Suportar e viver com “bom humor” o que não podemos mudar, tal como são algumas doenças
que com o passo dos anos aparecem e que são próprias da natureza humana.


Mas, com decisão, aprofundar uma realidade que acalma profundamente o coração: Pedir
com fé a Deus que nos de a capacidade de ser perdoados por aqueles que nos magoamos e
perdoar nos tal como Jesus nos pede e ensina.


As pessoas ficavam um bocadinho surpreendidas mas nos olhos aparecia um sorriso
escondido.


O P. Justiniano achou que a nossa oração era muito activa.


Acabamos as visitas e fomos almoçar.


Continuo a sentir que o básico das refeições é digno na sua maneira de ser apresentado, mas
limitado no seu conteúdo: arroz, amendoim tostado, batata doce, um bocado de agua de
coco, uns poucos vegetais com uns pedaços minúsculos de galinha, agua fervida quente,outro
tipo de tubérculo, muito insonso e pastoso, que foi durante muito tempo o alimento dos
timorenses que ficaram escondidos nas montanhas. E mais nada!!, ahh sim!! As bananas
pequeninas presentes em toda refeição forte.


Foi importante apercebermo-nos de que quem acolhe, “os anfitriões” por tradição não comem
em quanto os convidados não o tiverem feito.


Acabamos a nossa visita com as despedidas, sempre um bocado cerimoniosas e sempre
acompanhados pelas “ pessoas importantes do lugar” e sempre seguidos, observados,


contemplados e acarinhados pela multidão de crianças que com os seus imensos olhos nos
transmitem simpatia, saudade, admiração e expectativa.


Fica um sabor muito forte no coração!


Nos partimos e continuamos a nossa vida. Eles ficam e a sua realidade permanece!


Não é fácil rezar de coração aberto “ o Pai Nosso”. Pergunto-me muitas vezes : Que pensas
Tu Pai deste mundo que os humanos conseguirmos construir? .. nada fácil a dizer verdade!!!


Um abraço Nuria"