quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Actualização Dia 16 (Joana Almeida)

 Joana Almeida escreveu...

Missão Timor 2010

Crónica 5-08-2010

"Hoje foi dia de encontro com os jovens em Fatumaka.

Acordámos e tomámos o pequeno-almoço as 7, enquanto vocês, aí, se preparavam
para ir dormir ou para ir sair. Sabíamos que tínhamos um longo dia, cheio de grandes
desafios pela frente e, por isso, o nosso tempo de oração foi dedicado a pedir a Jesus
que nos acompanhasse e nos desse a mão, pedir-lhe que actuasse em nós para que
pudéssemos chegar aos jovens que nos confiava. Enquanto rezava pedia a Jesus que
fosse Ele a capacitar-me para lidar com as situações que aparecessem, fossem elas
quais fossem. Confesso que tinha alguns medos, mas a certeza de que não estamos,
nunca estamos, sozinhos, permite-nos enfrentar todos os desafios.

Saímos então, para Fatumaka, num camião de caixa aberta que já era conhecido
do resto do grupo por isso deixaram-nos, a mim e aos que viemos mais tarde, ir de
pé (no lugar mais seguro, prometo) para ver tudo o que nos rodeava e que ainda
não conhecíamos, já que era noite quando fizemos o mesmo caminho, no dia em
que chegamos. A envolvência é impressionante e é difícil de descrever a beleza que
nos entra pelos olhos… As árvores, os arrozais, os bambus enormes, as lianas (tipo
Tarzan), as montanhas todas revestidas de verde. E a beleza que ainda se torna
maior com tantos acenos de crianças, dos jovens, dos adultos, com os “bons dias”
que vamos recebendo e a alegria traduzida em pequenas danças e gritos “malai
malai!!” (malai=estrangeiro). E nós respondemos, cheios de alegria também!

Chegamos a Fatumaka e eu e os que viemos mais tarde pudemos conhecer o sítio
onde se passaram os primeiros tempos da nossa missão. Foi muito bom, sinto
que nos ajudou a integrar ainda mais. Os jovens foram chegando também. Muito
mais raparigas do que rapazes, é preciso dizer! Estávamos à espera que tivessem
entre 18 e 25 anos mas, na verdade, apareceram miúdos bem mais novo, o que
não teve problema nenhum. Aqui todas essas questões se resolvem facilmente.

Fizemos as apresentações, com nome e idade de cada um e começamos a ensinar
a música “Surgirá um mundo novo”, cuja letra passámos a mão para trinta e tal
folhas porque cá não temos impressora. (É caso para dizer “quem não tem cão caça
com gato!”). Entre algumas trocas entre tétum e português e muitas gargalhadas, lá
conseguimos ouvir os nomes todos e começar a fixar alguns (não muitos, pelo menos
no meu caso, porque apesar de muitos deles serem iguais ou parecidos aos nosso, há
umas variações um pouco estranhas e que demoram a compreender e a assimilar…)
e que começassem a cantar a música connosco.

Acabadas as apresentações, seguimos para a sala onde o Rafa deu a sua formação
(palestra). Foi sobre quem é Jesus e gostava que todos a pudessem ter ouvido…
Foi de uma simplicidade e, ao mesmo tempo, profundidade tão grandes que tocou

verdadeiramente corações. Emocionei-me mesmo por ver o esforço para que todos
se percebessem, ainda que falando línguas diferentes; o empenho para que Jesus
se revelasse no que o Rafa ia partilhando (entre o português e o tétum e com a ajuda
preciosa do irmão Venâncio com as traduções) e no que ouvíamos. Falámos na
realidade de que Jesus nos une ao Pai e que caminha connosco, ao nosso lado, para
nos ajudar a chegar mais longe com a nossa vida. Jesus que é nosso irmão e que
ao nos mostrar Deus que é Pai de todos, nos faz irmãos de todos, também. Depois
da “formação” tivemos partilha por grupos, nos quais saíram perguntas, dúvidas e
inquietações bastante difíceis de responder e esclarecer mas que, no fundo, o que
revelavam era uma enorme sede de conhecer melhor este Deus que nos ama e nos
une a todos.

Foi nesta dinâmica de irmandade entre todos que fomos almoçar juntos ao contrário
do que estava previsto, podendo ter tempo para conversar e conviver, tornando-nos,
aos poucos, cada vez mais familiares.

A tarde começou com animações e músicas entre o “Surgirá um mundo novo”
e o “Guiado pela mão” que agora tem uma coreografia mesmo gira que já todos
dançamos e que havemos de vos ensinar quando aí chegarmos. Depois, passamos
para a dinâmica da teia, introduzida pela Bia, em que cada um tinha de dizer o seu
nome, uma palavra que representasse quem é Jesus para si e passar o novelo de
corda para outra pessoa da roda, criando assim uma enorme rede que nos unia a
todos, para além da diferença de país, língua, cultura, idade..

Foi com esta dinâmica e com muita alegria que começámos a nossa gincana que
tinha como postos as diferentes partes do Pai Nosso, para que pudessem ser
experimentadas, explicadas e mais vividas daqui para a frente. Apesar de algumas
dificuldades com a linguagem, a simplicidade e criatividade de cada posto permitiu que
chegássemos ao fim mais claros de quem é Deus para nós; de que coisas precisamos
de guardar e das que precisamos de deitar fora, para viver a vontade que Deus tem
para cada um; de que coisas nos são essenciais e do que nos é oferecido a cada dia;
das pessoas a quem precisamos de perdoar e de que tentações nos puxam para fora
do caminho que Jesus nos convida a viver. Acabamos a nossa gincana todos juntos,
de novo, na sala, para fazer uma síntese do dia, entre as palavras da Bia e da Nuri,
que voltaram a relembrar-nos tudo o que tínhamos vivido e experimentado e que fazer
o bem é uma escolha que está nas nossas mãos viver a cada e em todos os dias.

Para terminar o nosso encontro, demos as mãos e ao som do “Junto ao mar eu ouvi
hoje” , rezámos o Pai Nosso mais bonito que alguma vez tive o privilégio de rezar, com
todos a cantar e a rezar com uma força e uma confiança que me ficou gravada e que
peço a Jesus que nunca me deixe esquecer.

Despedimo-nos então, entre muitos “Adeus”, “até logo” e “vão com Deus”, que me
fizeram sentir e penso que a todos, muito acarinhada e que tudo valeu muito a pena.

Regressamos para Venilale, de novo, pelo caminho impressionante da manhã, já um
bocadinho apressados para chegarmos a horas ao nosso compromisso de rezar o
terço as 16h30 com as pessoas, principalmente crianças, que já esperavam por nós
quando o nosso camião, connosco lá dentro, chegou por fim. Foi mais um momento
mesmo bonito poder rezar com Maria e com todas as pessoas que se juntam a nós e
nós a elas, entre o português e o tétum, que sinto que se vão tornando línguas ainda e
cada vez mais irmãs.

Depois do terço e de algumas brincadeiras com as crianças, voltamos acompanhados
por elas, para nos deixarem para irmos tomar banho, de água bem fria. Mesmo assim,
é muito bom sentir a água a cair em nós para além de limpar o corpo parece que limpa
também a alma e os cansaços do dia.

A seguir aos tão esperados e desejados banhos, respiramos fundo e entramos,
novamente, na preparação do encontro do dia seguinte, desta vez com os casais.
Temos alguns medos , mas a certeza de que é Jesus quem nos chama e quem nos
capacita, faz-nos pôr o e os medos atrás das costas e avançar, mesmo sem saber
muito bem o que nos espera.

Jantamos, acabamos de preparar o que faltava e … DORMIR!! Que amanhã o dia
começa cedo.

Temos saudades e pensamos e rezamos por vocês, mas saibam que estamos muito
bem e felizes com tudo o que o Senhor nos vai colocando no caminho."

5 comentários:

  1. querida joana que bom ler as suas palavras! um beijinho do céu!

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  2. Querida Sobrinha....

    Que "inveja" dessa força que se sente em todos Vós.
    Que Jesus passe alguma dessa força para todos nós.

    PARABÉNS

    PS- Beijinhos à Mana e ao Cunhado quando estiveres com eles

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  3. Chiça que esta Joaninha é mesmo Almeida! Nunca mais se calava. Mas fazes muito bem em passar este testemunho pois todos temos muito a aprender contigo. Um grande beijinho e leva-nos contigo no coração.

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  4. Força prima! São gestos desses que tornam este mundo num sitio melhor!

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