segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Actualização Dia 17 (Núria)

 Núria escreveu...

Missão Timor 2010

Crónica 6- 08- 2010

"Dia de encontro com Casais em Fatumaka.

Fomos convidados a animar um encontro de casais dum movimento que nasceu nas
Filipinas : “Matrimónios para Cristo”.

Todos preparamos o encontro.

Ana Isabel orientava. A Nuria fazia as sínteses. Como “Madre” tem
uma “autoridade”que lhe é reconhecida.

Decidimos apostar pela Palavra de Deus encenada. A dificuldade da comunicação é
uma realidade. Não temos outra alternativa que a criatividade, a “linguagem do amor”
e o “Deus providente” que não nos deixa sem “um tradutor”.

O que queríamos transmitir?

A frase escrita no altar de Fatumaka era o lema: “A vontade de Deus é a vossa
santificação”. Mas, tínhamos que traduzir “ por miúdos” esta realidade.

O Sacramento do matrimónio revela o amor de deus por todos. A essência do
matrimónio é o amor.

Avançamos a nossa formação duma maneira gráfica, assentando o Sacramento do
Matrimónio em 4 pilares:

1) Comunicação que implica relação e por isso mesmo dialogo. O dialogo
abrange a capacidade de “fazer caminho com outro” criando comunhão através
da palavra, e a linguagem dos corpos, que no sacramento do matrimónio
é essencial sendo que a base é o amor que os esposos se comunicam e
cultivam.

2) A Igualdade entre o homem e a mulher. Tendo em conta a Tradição e
Cultura dum pais isto aqui não é tão evidente. Em determinados contextos, as
realidades evidentes se tornam “revolucionarias”.

3) O Futuro. - Não podemos esquecer que este povo tem vivido dominado
durante anos. Só a partir do 2006 é que conseguiram tomar “ as rédeas
próprias” duma maneira mais sossegada e estável. Tudo isso para disser que
se tornou imperioso definir os valores nos quais querem assentar e alicerçar a
sua identidade. Todo um desafio nada simples!

4) A oração Timor é um povo religioso. O animismo continua ainda
profundamente presente na cultura local. A personalização, em pessoas
que durante muito tempo estiveram submetidas, não é evidente. Falar do “Pai de Jesus” e da “sua vontade” para nos, é altamente profético e
toca no mais fundo, porque há uma transformação da realidade que passa
pela “imagem que se tem de Deus e pela imagem de homem que dela deriva”.
A parábola dos “Talentos” (Mt. 25,19ss) foi inspiradora e ao mesmo tempo
desestabilizadora.

Quando chegaram o grupo de matrimónios (mais mulheres do que homens.. já é
habitual) sentimos a vontade genuína que tinham de receber formação.

Para uma visão extremamente “eficacista”, de primeiras, todo aquele grupo, não
responderia aos níveis exigidos. Logo, imediatamente, foi preciso apercebermo-
nos de que é Deus quem chama. Isso, faz toda a diferença.

Esta missão não é a “minha” missão ou a “nossa”. Esta Missão é a Missão a que
Ele, o Senhor, nos envia.

Colocadas as coisas no seu lugar, o “Deus Providente” actuou e deu-nos
o “tradutor”.

Assim fizemos o encontro todo. Nos falamos e o “tradutor” transmite.

È a pedagogia da “encarnação”: Jesus, “igual a nos e igual a Deus” vem viver
mergulhado na humanidade, feito cultura, historia, contexto, homem, como nos.
Como Ele é também de Deus, na nossa maneira humana, Ele nos introduz e
transmite a própria vida de Deus e dá-nos a conhecer ao Pai e o que Ele sonha
para nos!.

È a criatividade da história missionaria: tentar transmitir “a alguém” que tem
sensibilidade e que fala a “linguagem do povo”, para transmitir a Vida que Deus
tem para todos.

Assim passou o dia. Aos poucos cria-se proximidade. O almoço vivido em
conjunto dá concretização àquilo que tentamos transmitir. Deus fez-nos a todos
filhos-irmãos: todos filhos do mesmo Pai e todos para viver o Reino. Estas
realidades que as vezes ficam tão “religiosas e espiritualistas” neste contexto são
profundamente inspiradoras.

Às vezes é fácil unir-se frente a um inimigo comum. O profundamente difícil é
colocar realidades e atitudes que acompanhem e concretizem os conteúdos.
O encontro foi frutífero para todos. A lentidão dos processos é uma realidade.
No entanto as questões que coloca S.Paulo em Rom10, 15-17 são pertinentes:

“Como hão-de invocar aquele em que não acreditaram? E como hão-de acreditar
naquele de quem não ouviram falar? E como hão-de ouvir falar sem alguém que o
anuncie? E como hão de anunciar se não forem enviados? Por isso está escrito:
que bem vindos são os pés dos que anunciam as boas novas.”

Voltámos para Venilale. O nosso “grão de mostarda” está entregue. Cabe
ao espírito fazê-lo frutificar. Mais um dia vivido. Mais um dia em que ficámos
assombrados perante a realidade deste povo que nos ultrapassa na sua grandeza
mas também na sua cultura de sobrevivência.

Grandes questões ficam a pairar no ar! Oxalá não nos habituemos a ver “como
normal” o que vemos.

Nuria"

Sem comentários:

Enviar um comentário