segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Actualização Dia 18 (Ana Isabel)

 Ana Isabel escreveu...

Missão Timor 2010

Crónica 7- 08- 2010 – Ana Isabel

"Hoje é sábado, dia de mercado em Venilale. O mercado funciona das 06h às 12h. De
véspera organizamo-nos em grupos para a visita. Os que queriam ir na hora de maior
afluência (7 da manhã, ao nascer do sol) e os que (como eu) decidiram dormir até à
hora do costume (06:45) e ver o mercado depois do pequeno-almoço. Lá saí com a
Nuria, a Roci, a Bia e a Madalena Barreto, por volta das 8h. Atravessamos a escola e
fomos rua fora, cruzando-nos com muita gente que vinha já carregada de sacos.

O mercado de Venilale ilustra muito bem o quotidiano de Timor. À venda, dentro do
edifício de pedra estão bancas de roupa importada, maioritariamente da Indonésia e
arredores. Raramente se vêm duas peças iguais e as camisolas de clubes de futebol
ou selecções coabitam com os vestidinhos de folhos brancos de primeira comunhão.
Escondidos no meio das bancas lá aparecem os tecidos (também eles importados da
Indonésia) que as mulheres usam como saia, lenço, casaco, abrigo… O que se vê nas
bancas é o que se vê no corpo dos timorenses. Saindo do edifício de pedra, as bancas
de bambu vendem fruta e legumes de reduzido tamanho e variedade. É incrível que
num país de terra tão fértil se produza tão pouco.

No mercado vendem-se também muitos caseiros, produtos de limpeza e beleza,
baldes de plástico (objecto que se nos tornou tão familiar numa zona em que a água
canalizada existe poucas horas por dia), tachos de metal, petróleo em garrafas de
plástico e vidro.

Há uma zona de apostas onde só estão homens e outra onde se vende tabaco no
chão. Os vendedores estão enrolados em panos, agachados no chão e riem, ao ver-
nos passar, mostrando os dentes e as gengivas vermelhos da droga que mascam.

Falta variedade, cor, produtos transformados e artesanato no mercado de Venilale. Tal
como em Timor.

O resto da manhã foi passado na capela, em tempo livre de oração. Almoçámos o
nosso arroz com massa, legumes e carne e depois da banana tivemos uma horita de
descanso. A tarde foi de partilha de grupo. Ainda não tínhamos tido um tempo assim
com todo o grupo português e foi muito bom. Sentámo-nos a partilhar no que seria
correspondente à marquise desta nossa casa que é a escola.

Por volta das 16h fomos para o largo da igreja para o nosso terço com a comunidade.
Hoje foi rezado entre o português e o tétum e cada oração era sinalizada numa fita,
com um nó. No final tínhamos um terço de trapilho feito. Depois do terço tivemos
missa e vieram algumas raparigas da vila connosco. Voltámos a colocar os bancos
em redor do altar, o que torna a eucaristia mesmo muito familiar. Foi a primeira missa
totalmente em português o que a tornou muito confortável pela não necessidade de
tradução simultânea ou esforços para rezar noutra língua.

A hora do banho coincidiu com a hora da luz, o que permitiu aquecer água. Banho
de água quente é um luxo que me fez simpatizar um pouco mais com o sistema do
banho-de-balde.

O jantar foi animado, com direito a uma cervejita (Tiger) e a noticiário internacional no
final. Depois do jantar acabámos a partilha da tarde e deitamo-nos por volta das 23h.
Amanhã é dia de passeio!"

3 comentários:

  1. Ana: Que bom ler as tuas palavras. Por outros vamos sabendo de ti e do esforço que pede a v/Missão. Os relatos são a janela para o vosso quotidiano. Sempre interessantes, mantém proximidade de vós. Mas também inquietantes, não tanto pelos aspectos mais duros dessa experiência, mas pela imagem de Timor que eles nos vão revelando. Fica bem. Abre no teu coração mais um lugar especial para guardares o tesouro que te é dado receber. Um abraço daqueles para ti e que a Luz do Universo chegue até vós cada dia. Tia Luísa.

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  2. Amiga já estavamos ansiosos por saber de ti :) Gostei muito de ler o teu comentário!! Tenho visto o blog diariamente para saber como vai a vossa missão.
    Beijocas grandes e xi do "nucleo"
    Sofia, Rui, Rosa, Xano e João

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  3. Olá Ana! Boa missão aí em Timor e ânimo nesse sorriso. Saudades. Teresa e Jorge

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