quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Actualização Dia 15 (Mariana Spratley)

 Mariana Spratley escreveu...

Missão Timor 2010

Crónica 4-08-2010

"Com a chegada a Venilale, ontem, da Madalena, da Joana, da Joana e do Francisco,
este foi o primeiro dia em que estivemos todos juntos em Timor. Só por isso foi um dia
muito bom! Nem as nuvens escuras e pesadas, nem a ameaça de uma enorme carga
de água de manhã, diminuíram o entusiasmo de acordar na camarata e ver as caras
das três raparigas que chegaram, e de estarmos todos no pequeno-almoço. Tínhamos
imensa vontade de que chegassem e que pudéssemos finalmente viver esta etapa da
Missão todos juntos!

Foi a Roci quem deu as pistas, a partir do salmo 1, 3 e, questionando-nos sobre a
forma como respondemos cada um ao chamamento que Jesus nos faz no nosso
dia-a-dia, nas nossas pequenas e grandes atitudes e posturas. Mais uma vez nos
relembrou com Marcos 3, 13-19 e Isaías 43, 1, que fomos chamados, pessoalmente,
pelo nome, e que é por isso essencial situarmo-nos na forma como vivemos a Missão.

Aqueles que chegaram ontem foram fazer as visitas às famílias com a D. Maria
Luisinha e a D. Lídia, enquanto o resto se distribuía entre as diferentes tarefas do
trabalho matinal: limpar os espaços que temos usado, entre os quartos, salas e
casas de banho; e lixar e pintar paredes. A equipa do telhado já tão aficionada do
seu trabalho de tinta vermelha, teve de se ficar por planos mais baixos, por causa da
ameaça de chuva constante.

Depois de um almoço familiar, em que pudemos continuar a pôr conversas,
experiências e vivências em dia, começámos uma tarde de trabalhos com reuniões
de preparação dos encontros que nos foi pedido orientar em Fatumaka, para jovens e
casais, na quinta-feira 5 e sexta-feira 6, respectivamente. Apesar de possuirmos pouca
informação sobre o que era esperado de nós, todos pusemos mãos à obra e puxámos
pela criatividade de cada um. Sobretudo senti a enorme disponibilidade para fazer
cada qual a sua parte, e a certeza sempre que preparávamos com sentido de missão
e de entrega de quem somos e porque estamos cá.

Fizemos um intervalo nas preparações para o terço, as 16h30. Fomos surpreendidos
pela presença de praticamente o dobro das pessoas da véspera; entre elas estava a
tia Zita, uma das senhoras que nos acompanha às casas, que trouxe os netos para
rezar com ela, e as irmãs italiana e brasileira do orfanato que vieram com as quatro
meninas que ficaram durante as férias. Marcou-nos muito também a presença do
Sr. Manuel, que aqueles que foram visitar as famílias conheceram de manhã. O Sr.
Manuel é cego de nascença, mas veio com a sua guitarra e, sentado ao lado da Rocio,
acompanhou todas as músicas e cantou-nos ainda algumas em tétum com enorme
mestria e energia.

Rezámos o terço pelas intenções de cada um: ao rezar uma Ave Maria à vez,

dizíamos o nome de alguém que levássemos no coração e na oração. Foi um
momento intenso de união de pessoas que falam línguas diferentes, têm idades
diferentes, e percursos de vida diferentes, vivem em países, continentes, hemisférios
diferentes e se juntam ao fim da tarde para rezar juntos como irmãos. Pudemos ainda
ficar alguns momentos a conversar com as senhoras, a brincar com as crianças
e a desfrutar de alguns momentos de uma paz muito simples, antes de irmos aos
banhos e aos baldes para retomarmos as preparações e trabalhos para os encontros.

Depois do jantar tivemos um dos momentos mais divertidos destas semanas juntos.:
em roda jogamos à Aldeia, que alguns chamam O Lobo ou A Vidente! Resumindo,
é preciso descobrir quem é o lobo que ataca a aldeia todas as noites, à base de
suspeitas e palpites e argumentações e atrapalhações e votos e muita, muita risada!
Divertimo-nos que nem doidos e antes de nos irmos deitar agradecia o dia, tão rico e
cheio, mas sobretudo o sentirmo-nos companheiros de missão, prontos a pôr as mãos
à obra e aceitar desafios, mas também tão amigos uns dos outros, cada vez mais,
prontos a trabalhar mas a rir uns com os outros também."

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